Concerto Música Antiga "Ensemble Scaramuccia"

24 Fevereiro 2017 | 21h30

Igreja da Misericórdia - Viana do Castelo

Concerto Música Antiga "Ensemble Scaramuccia"

e apresentação do CD  Antonio Lucio Vivaldi: Nuove Sonate

Javier Lupiáñez, violino barroco e direção

Inés Salinas, violoncelo barroco

Patrícia Vintém, cravo

PROGRAMA

António Vivaldi (1678-1741)
Sonata para violino e continuo em Ré Maior
Anónimo italiano (Dresden)
Adagio – Allegro – Largo – Allegro

Trio Sonata para violino, violoncelo e continuo RV 820*
(Sardelli/Lupiáñez, 2014)
[Allegro] – Adagio – [Violino] Solo – Violoncelo solo – Allegro

Sonata para violino e continuo em Ré Maior RV 810*
(Delius, 2007)

Andante – Allegro – Largo – Allegro

Sonata para violino e continuo em Lá Maior*
(Lupiáñez, 2015)

Adagio – Allegro – Largo – Allegro

Sonata para violino e continuo em Ré Maior RV 816*
(Talbot, 2011)

Allegro – Allegro – Largo - Allegro

NOTAS AO PROGRAMA

DUAS NOVAS SONATAS DE VIVALDI

 

O ano de 2015 trouxe-nos o descobrimento de duas peças vivaldianas: a Trio Sonata para violino e Violoncelo em Sol Maior, identificadas como um trabalho genuíno pelo estudioso italiano Federico Maria Sardelli e pelo nosso violinista e investigador Javier Lupiáñez, em 2014 (catalogada recentemente como RV 820), e a Sonata para violino e continuo em Lá Maior, descoberta por Javier Lupiáñez, e incluída no catálogo vivaldiano (RV), no final de 2015.

Ambas as peças integram a coleção de Pisendel, em Dresden. Refira-se que esta cidade detém uma das maiores bibliotecas com obras de Vivaldi, facto que fica a dever-se à presença do concertino, Georg Pisendel, na orquestra da corte de Dresden, responsável pela compilação de uma notável biblioteca de música de câmara, sobretudo de autores Italianos e de Vivaldi.

Pisendel tinha um grande interesse e apreço pela música de Vivaldi, uma vez que este, para além de seu professor, foi também um grande amigo.

Do ponto de vista musicológico, uma das melhores razões para atribuir estas peças a Vivaldi é sem dúvida a grande quantidade de concordâncias temáticas com outras obras do autor. Um dos exemplos mais significativos, encontra-se no primeiro movimento da Sonata em Lá Maior para violino e continuo, o qual é na realidade uma reutilização do segundo movimento do concerto para violino em Ré Maior RV 205. Para além disso, é possível identificar mais de cinquenta referências a outras obras do compositor veneziano, assim como recursos formais que são descritos como unicamente vivaldianos. Este novo descobrimento foi incluído no catálogo oficial das obras de Vivaldi, em 2015.

A Trio Sonata em Sol Maior foi identificada como uma obra prematura de Vivaldi, em trabalhos independentes dos investigadores Federico Maria Sardelli e Javier Lupiáñez. A peça foi também recentemente incluída no catálogo vivaldiano como RV802 reconhecida como sendo a primeira obra escrita por Vivaldi.

Este trio sonata apresenta-nos um Vivaldi bastante diferente do habitual, enquanto jovem: por um lado, profundamente influenciado pelo seus maestros e a corrente de composição do século XVII (perfiladas na obra de Corelli, Bonporti ou Torelli), e por outro, o génio e originalidade do compositor.

O descobrimento e a atribuição desta sonata a Vivaldi, é crucial para entender as raízes do estilo de Vivaldi, assim como para melhor compreender as mudanças estilísticas e de gosto musical que se sentiram no princípio do século XVIII.

 

OS MAIS RECENTES DESCOBRIMENTOS VIVALDIANOS

 

 

Junto com os novos descobrimentos, o programa inclui também as últimas sonatas encontradas de Don Antonio Vivaldi.

A Sonata RV 810 também se encontra em Dresden e foi considerada anónima até 2007. A autoria vivaldiana foi-lhe reconhecida graças aos laços que tem com a sonata para flauta RV806, descoberta, não muito antes, em Berlim, e também atribuída a Vivaldi pela grande concordância temática a outras peças originais do mesmo autor. Escrita por volta de 1710, a Sonata RV810, somente chegou até nós uma cópia escrita por Pisendel.

É provável que Pisendel tenha copiado a sonata do original na sua viagem a Itália em 1717, onde se encontrou com Vivaldi.

A única cópia conhecida da Sonata RV 816 encontra-se num manuscrito inglês de música para órgão, conservado pela Fundação Geral Coke Handel de Londres. A sonata foi identificada como uma obra genuinamente vivaldiana, em 2011, pelo professor Michael Talbot, musicólogo eminente e especialista em Vivaldi. Esta sonata desenvolve um estilo brilhante e fluido que denota algumas peculiaridades ao nível da composição, como é o exemplo do primeiro andamento, escrito em forma de cadência sobre uma nota pedal, caso único na literatura de sonatas a solo de Vivaldi.

A Sonata Anónima em Ré Maior (RV810) faz também parte da coleção de Pisendel em Dresden. Tal como a anterior, foi copiada por Pisendel durante a sua estadia em Itália em 1717. Durante essa mesma viagem, sabe-se que foram transcritas várias obras de maestros italianos: Montanari, Albinoni, mas sobretudo obras de Vivaldi. Muitas dessas partituras carecem de assinatura e a sua autoria permanece anónima, ainda que a música revele um grande maestro desconhecido da composição. Esta sonata, anónima, partilha muitas características dos últimos descobrimentos vivaldianos interpretados neste programa, para além do estilo e da qualidade da música. Todas estas sonatas foram relegadas para o esquecimento, por ausência da identificação de manuscrito, vindo agora a público recentemente.

 

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